Travessa da Espera
2008
Dei-te um beijo no passado deste dia, precisamente neste dia, em plena noite quente de Junho. Dei-te um beijo como quem vira uma esquina e tudo disparou. E agora, disparam as saudades pela distância que nos aparta, que nos corrói aos poucos por dentro e que em parte também nos mata. Saudades longínquas como um velho poema esquecido na página de um livro antigo deixado sobre a mesa de cabeceira de um quarto no último andar daquele prédio... Naquele prédio, naquela rua, naquela esquina a subir, naquele bairro, naquele dia, naquela hora em que o dia é noite. Precisamente naquela hora em que o dia é já um outro dia. Este dia em que te beijei pela primeira vez. Este dia, precisamente este dia, em que eu queria, em que tu querias, em que a saudade nos maltrata a dobrar, neste dia, precisamente neste dia, em que não nos pudemos voltar a beijar...
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