do Desespero à esPerança
2008
Os sonhos dos quais não me lembro abandonaram-me de madrugada num leito febril e num turbilhão delirante. E ali fiquei como um insecto numa teia debatendo-se em vão, em sobressaltos nocturnos. E assim tenho estado, a debater-me em vão numa maré de tristeza, num verão tempestuoso e de céu quase sempre encoberto. Todos os dias deste verão descaracterizado são dias de inverno parciais em que o sol brilha oculto quase sempre pelas nuvens e pela chuva. Uma chuva fria que de tanto cair na pele já se tornou tépida numa habituação desprovida de esperança, numa resignação sem amor próprio. As marés são todas elas iguais desde que o ciclo da lua começou. As ondas das marés trazem quase sempre os limos escuros ricos em significados, os quais não consigo entender. E é quando perdemos a contagem das ondas que tudo se agrava. Perdemos a contagem das ondas e perdemos o equilíbrio, perdemos o pé e voltamos a temer o afogamento. Tantas vezes morremos afogados no passado que o temor é enorme e esquecemos que nada de verdadeiramente mau nos poderá acontecer, mas o corpo debate-se em desespero até que num rasgo de sol voltamos a retomar a contagem e retomamos o fôlego. Assentamos os pés na areia e percebemos que afinal sabemos tomar conta de nós.
O desespero de outrora é agora tratado na refinaria de emoções em construção dentro de nós. Os resíduos ainda precisam ser tratados, mas a nuvem sobre nós já não é tão carregada nem tão poluente. Porém, na mudança de turno, quando tudo fica silencioso e vazio, é quando ele volta...
Sonho mudo, silêncio ermo... Num rasgo de sol.
O desespero de outrora é agora tratado na refinaria de emoções em construção dentro de nós. Os resíduos ainda precisam ser tratados, mas a nuvem sobre nós já não é tão carregada nem tão poluente. Porém, na mudança de turno, quando tudo fica silencioso e vazio, é quando ele volta...
Sonho mudo, silêncio ermo... Num rasgo de sol.
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