improviso 13
2005
Reconheci no outro dia num amigo meu, mais velho, cerca de dez anos, uma dor no rosto que me é conhecida. O sorriso de quem quer estar sério no poço dos seus pensamentos, a desilusão de quem perdeu muita coisa apesar de ter ganho tantas outras, porque quando perdemos algo menos bom na nossa vida mas a que estamos habituados, sentimos sempre uma perda tremenda, um desamparo, uma tristeza que nos impulsiona a não fazer nada, a estagnar. Só nos apetece dormir horas a fio para ver se o tempo passa levando consigo o turbilhão que nos vai na cabeça.
Reconheci isso nesse amigo meu. E é importante reconhecer coisas nos olhos e no rosto dos outros pois estamos tantas vezes rodeados de gente sorridente que sufoca por dentro sem que nos apercebamos de nada. Podemos salvar vidas assim, salvar será um exagero, mas ajudar, ouvindo... E um dia podem nos fazer o mesmo a nós. Podem atirar um braço na nossa direcção num socorro ligeiro, quase diplomático, mas que poderá muito bem ser a única lufada de ar fresco em muito tempo que o nosso desabafo poderá receber.
Reconheci isso nesse amigo meu. E é importante reconhecer coisas nos olhos e no rosto dos outros pois estamos tantas vezes rodeados de gente sorridente que sufoca por dentro sem que nos apercebamos de nada. Podemos salvar vidas assim, salvar será um exagero, mas ajudar, ouvindo... E um dia podem nos fazer o mesmo a nós. Podem atirar um braço na nossa direcção num socorro ligeiro, quase diplomático, mas que poderá muito bem ser a única lufada de ar fresco em muito tempo que o nosso desabafo poderá receber.
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