improviso 10
2005
Não gosto do sabor das cascas das árvores no inverno. Sabem a mofo, quase bolor, mas o cheiro... O cheiro molhado da casca das árvores no inverno, quando o odor se começa a evaporar sob o Sol envergonhado da manhã... Adoro o cheiro da casca das árvores tenras logo pela manhã quando, apesar do Sol já nascido tudo irradia ainda o frio da noite.
A puta da loucura sentou-se quase à minha frente, assim de esguelha à minha direita.
Virado para mim, sentou-se um cheiro retardado de umas roupas aparentemente quase limpas. Sentou-se e arregaçou as calças até as transformar nuns calções cujo excesso de tecido escondia nas virilhas. Foi exactamente neste momento que o cheiro irrompeu numa cascata de enjoo nariz acima. As roupas ganharam de repente aos olhos do nariz uma sujidade tremenda, uma vida secular sem qualquer vislumbre de água ou sabão. Para reforçar, puxou as mangas do casaco até aos cotovelos deixando a nu o odor dos braços transpirados.
E então, num êxtase de mau cheiro, cantarolou uma pequena canção, sorrindo ignorante à sua condição.
Novo dia. E a puta da cegueira foi palpando todos os bancos até quase cair em cima de mim. Só lhe perguntei se se queria sentar. Não me respondeu e seguiu caminho até encontrar novo banco desocupado. Ah, mas estava sol, de modo que se levantou e avançou até novo banco à sombra. Deitou a bengalinha ao longo dos bancos e cochilou mesmo ali como morto de olhos encovados.
A puta da loucura sentou-se quase à minha frente, assim de esguelha à minha direita.
Virado para mim, sentou-se um cheiro retardado de umas roupas aparentemente quase limpas. Sentou-se e arregaçou as calças até as transformar nuns calções cujo excesso de tecido escondia nas virilhas. Foi exactamente neste momento que o cheiro irrompeu numa cascata de enjoo nariz acima. As roupas ganharam de repente aos olhos do nariz uma sujidade tremenda, uma vida secular sem qualquer vislumbre de água ou sabão. Para reforçar, puxou as mangas do casaco até aos cotovelos deixando a nu o odor dos braços transpirados.
E então, num êxtase de mau cheiro, cantarolou uma pequena canção, sorrindo ignorante à sua condição.
Novo dia. E a puta da cegueira foi palpando todos os bancos até quase cair em cima de mim. Só lhe perguntei se se queria sentar. Não me respondeu e seguiu caminho até encontrar novo banco desocupado. Ah, mas estava sol, de modo que se levantou e avançou até novo banco à sombra. Deitou a bengalinha ao longo dos bancos e cochilou mesmo ali como morto de olhos encovados.
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