a Tecla do meu coração
2009
A tecla do meu coração, a tecla com que toco a nota do que sinto, a tecla com que escrevo o que o meu coração dita, não é uma tecla só. São cinco oitavas de piano, um teclado de máquina de escrever completo com acentos e números. Não é uma tecla só. A tecla do meu coração é a voz que os outros percebem, mas para que entendem-se tudo o que sinto seriam necessárias mais oitavas, seriam necessários mais teclados QWERT e AZERT, mais palavras e mais notas. Palavras que não se lêem e notas que não se ouvem. Uma frequência inaudível, uma palavra sem sentido que apenas se sente.
A tecla do meu coração, fui eu que a criei para não me sentir tão sozinho... Para que outros pudessem vislumbrar onde vivo. Mas percebo agora que mal atingi o limiar desse fim. Percebo agora que não percebia esse desejo. Desejava qualquer coisa que as palavras e a razão não me sabiam explicar. Desejava qualquer coisa numa atracção maior do que eu - o meu corpo impelido numa direcção que desconhecia. A razão sem razão nenhuma transformava o desejo em loucura. O sentido do que sentia, sem sentido nenhum, em vez de me deixar fazer o que seria correcto, apenas me deixava seguir o desejo que aprisionava a minha vontade num mistério que me ensombrava os dias e que me alimentava a culpa.
A tecla do meu coração permanece a mesma para os mesmos. Mas o meu coração, esse órgão que erradamente associamos ao sítio onde o nosso calor nasce e a nossa luz se acende, sorri e chora num momento pleno, num agora completo de emoções, numa felicidade devastadora. E sem tecla alguma, quem estiver ao meu lado, irmãos e irmãs, partes diferentes do mesmo eu, irão sentir o que sinto, num agora parado e em silêncio. De pé, expectantes de nada... Porque o agora é tudo.
A tecla do meu coração, fui eu que a criei para não me sentir tão sozinho... Para que outros pudessem vislumbrar onde vivo. Mas percebo agora que mal atingi o limiar desse fim. Percebo agora que não percebia esse desejo. Desejava qualquer coisa que as palavras e a razão não me sabiam explicar. Desejava qualquer coisa numa atracção maior do que eu - o meu corpo impelido numa direcção que desconhecia. A razão sem razão nenhuma transformava o desejo em loucura. O sentido do que sentia, sem sentido nenhum, em vez de me deixar fazer o que seria correcto, apenas me deixava seguir o desejo que aprisionava a minha vontade num mistério que me ensombrava os dias e que me alimentava a culpa.
A tecla do meu coração permanece a mesma para os mesmos. Mas o meu coração, esse órgão que erradamente associamos ao sítio onde o nosso calor nasce e a nossa luz se acende, sorri e chora num momento pleno, num agora completo de emoções, numa felicidade devastadora. E sem tecla alguma, quem estiver ao meu lado, irmãos e irmãs, partes diferentes do mesmo eu, irão sentir o que sinto, num agora parado e em silêncio. De pé, expectantes de nada... Porque o agora é tudo.
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