tabula rasa

t a b u l a r a s a | A l t e r E g o | d e I m p r o v i s o

...deImproviso

a vida é um improviso constante.

b l o g
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T a b u l a R a s a P l a y e r

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o piano do outro lado da rua

Aqui a chuva cai na simplicidade da gravidade que um dia alguém inventou. O piano que toca no apartamento do outro lado da rua, aquele que ainda tem a luz acesa, recorda-me os teus pés frios que beijo com o calor da minha boca aquecendo as gotas da chuva que tomba lá do alto sobre a minha cabeça dormente. As mesmas gotas de chuva que convergem lá no alto num só e único ponto bem acima do prédio onde o piano toca num desespero de saudade. O passado já morreu e não volta. Por mais pianos que toquem, por mais tristes que as músicas sejam já nada volta. Tudo é futuro.
O choro das crianças sobre a madrugada na busca do leite materno causa uma insónia forçada que corrompe a sanidade. Parece que tudo dorme excepto nós.
E é então que a chuva volta a cair e eu relembro o conforto de um leito doce onde o teu corpo repousa num respirar profundo libertando um hálito quente que a minha boca abraça junto à tua, e onde o teu corpo liberta o calor macio da tua pele sob as palmas das minhas mãos num tremor que só eu sinto. Toco todo o teu corpo como se abraçasse uma recordação numa lápide fria, sabendo porém que não é tão grave assim a melodia do piano, sabendo que existem notas de esperança na chuva que escorre pelas paredes dos prédios abaixo.
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