tabula rasa

t a b u l a r a s a | A l t e r E g o | d e I m p r o v i s o

...deImproviso

a vida é um improviso constante.

b l o g
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T a b u l a R a s a P l a y e r

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a vida é um videojogo sem pause

O Sol batia na esquina das pessoas e caía ao chão. Um mar de Sol quente que cobria tudo. Tudo tão sossegado não fosse o mar de gente. Tudo tão uterino, tão sonhador.
A minha vontade era dar um tiro nos cornos, mas não adiantava nada. Talvez dormir; muito. Mas esta noite dormi tanto e hoje doem-me as costas, o pescoço e continuo a lembrar-me de tudo. Nada mudou.
A vida é fascinante porque tem sempre um nível mais difícil que o anterior, como uma espécie de jogo que não podemos colocar em pausa. Quando parece que mais difícil não é possível eis que nos esquecemos de algo e pumba! Toma lá.
Bebemos um copo, continuamos a sorrir, desabafamos com alguém que nos diz que não sabe como conseguimos manter a calma. Mas tudo reside em saber que a vida é assim, não adianta desatar a correr com as mãos levantadas ao céu tipo boneco articulado que não sabe para onde vai. O tempo encarrega-se de fazer tudo passar.

O mar de gente corria por mim devagar cruzando os olhares. Ignoramos a condição dos outros que estão ali mesmo ao lado, e o que sabem eles de nós? Que sabem eles para além da armadura que colocamos por fora do olhar? Uns cruzam os olhares como espadas simbólicas, sentindo-se ameaçados, outros olhares atiram-se as grades do nosso olhar, apaixonados pelo enigmático corcel que nos leva... Já contaram quantas vezes somos atraídos e atraímos ao andar num mar de gente?

E se nos sentarmos calmamente apercebemo-nos que as respostas estão sempre em nós. Foi quase sempre assim. Porque sabemos o que é correcto. Sabemos onde está o nosso caminho quando nos começamos a habituar às nuvens do temporal que nos molhou com a chuva fria e repentina que nos deixou o corpo a tremer. Parece que partes do nosso caminho está traçado mesmo que tentemos fugir, como se alguém omnipresente nos dissesse: Ah, ah... Vê lá bem; vai lá por ali.
E mesmo assim podemos contrariar, mas será sensato? Será sensato quando sentimos um click e uma pontinha de felicidade se apodera de um cantinho cá dentro numa mistura de contentamento e medo? Medo de cair. Medo de cair e de já não dar tempo de voltar a trás. Medo numa mistura mágica de felicidade sentindo a adrenalina de nos sentirmos vivos.
Amanhã morremos. De que vale tanta fúria e medo? De que vale tanta luta, se o último e derradeiro objectivo é sermos na hora da nossa morte melhores do que na hora do nosso nascimento?
Amanhã morremos quer sejamos ateus ou não. E não me digam que isso é sofrer por antecipação, porque não é. Este é o famoso caminho do samurai que toma consciência todos os dias da sua fragilidade. E todos sabemos, mesmo quando o escondemos o mais fundo que conseguimos, o quanto frágeis somos.
O que resta então?...
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