Lobo Antunes
2007
Falamos muito mal. Porém, e mesmo assim, a maior parte das vezes dizemos melhor por palavras faladas aquilo que queremos dizer do que por palavras escritas. Parece que quando se tenta meter as coisas no papel ou no teclado ou no ecrã ou no que raio seja tudo emperra, tudo enferruja perante a tentativa de dizer as coisas direitinhas, polidinhas, de uma forma tão limpa que fica tudo mal escrito sem ninguém conseguir perceber nada, e mais importante ainda, sem ninguém conseguir perceber aquilo que queremos realmente dizer. E é aqui, eu que sou um anti-ídolos - porque todos nascemos de forma idêntica e todos nós temos que ir à casinha, desenganem-se os idealistas, - tenho de confessar a minha admiração por um homem, escritor, com quem já aprendi muito e que tão bem consegue escrever sobre a normalidade das coisas: o Senhor António. Caríssimo António, perdão, António é para os amigos, perdoe-me a liberdade, mas de tanto o ler quase que o conheço. Eu sei que não, que não o conheço não se ponha já a abanar a cabeça, mas é que Lobo Antunes é o nome do senhor que vem na capa, para mim, da forma como eu o vejo, o senhor é o menino António que já não reconhece no espelho de manhã, assim como eu continuo a ser o mesmo menino que era excepto quando tomo consciência da idade que tenho no corpo físico que serve de casa a quem eu sou.
Dizia eu, eu que sou um anti-ídolos, tenho que demonstrar a minha admiração a esse autor que é para mim um dos melhores se não o melhor autor português, - não se envaideça Doutor Lobo Antunes porque eu não conheço assim tantos autores portugueses quanto isso, aliás, conheço até bem poucos, dois ou três vá lá, - no entanto, aqui que ninguém nos ouve, posso-lhe dizer que ao lê-lo senti-me acompanhado como nunca tinha estado, compreendido até. Não diga é nada a ninguém. Primeiro porque ninguém quer saber a minha opinião sobre o grande escritor premiado que o senhor é , segundo porque nem o senhor quer saber. Apenas lhe digo que quem quer ser escritor não sabe efectivamente o quanto custa escrever uma linha, uma página. Aqueles que lhe dizem que querem ser escritores não sabem efectivamente o quanto é necessário sofrer para o ser.
Dizia eu, eu que sou um anti-ídolos, tenho que demonstrar a minha admiração a esse autor que é para mim um dos melhores se não o melhor autor português, - não se envaideça Doutor Lobo Antunes porque eu não conheço assim tantos autores portugueses quanto isso, aliás, conheço até bem poucos, dois ou três vá lá, - no entanto, aqui que ninguém nos ouve, posso-lhe dizer que ao lê-lo senti-me acompanhado como nunca tinha estado, compreendido até. Não diga é nada a ninguém. Primeiro porque ninguém quer saber a minha opinião sobre o grande escritor premiado que o senhor é , segundo porque nem o senhor quer saber. Apenas lhe digo que quem quer ser escritor não sabe efectivamente o quanto custa escrever uma linha, uma página. Aqueles que lhe dizem que querem ser escritores não sabem efectivamente o quanto é necessário sofrer para o ser.
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