tabula rasa

t a b u l a r a s a | A l t e r E g o | d e I m p r o v i s o

...deImproviso

a vida é um improviso constante.

b l o g
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T a b u l a R a s a P l a y e r

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o mundo é um autista ignorante

Estas saudades que não passam não sei porquê. Estas saudades não sei do quê. Esta vontade de mostrar um mundo que quase não existe porque só eu o vejo. Esta vontade de mostrar esta fome. Esta vontade de amar alguém como nunca amei, numa calma e numa serenidade que transcenda o quotidiano. Numa calma, numa sinceridade, numa clareza que nunca consegui viver porque esta fome de tudo o resto sempre se sobrepôs.
Procuro alguém que me deixe quieto. Alguém que me entenda e a quem eu possa contar os segredos do meu imaginário. Alguém que o compreenda sem ser apenas uma mão que nos bate nas costas e que nos passa a mão pela cabeça deixando um fosso abismal entre nós e que aprendi a reconhecer esboçando um sorriso esbatido e conformado. Alguém que consiga lá entrar, não por gostar de mim apenas, mas por ter um mundo imaginário próximo do meu. Alguém que veja os filmes que correm à frente dos nossos olhos nos dias que correm iguais para todos, mas que todos não vêm da mesma maneira. Alguém que veja as folhas das árvores a cair nos braços do vento que varre as avenidas da baixa fazendo transbordar dos passeios um mar outonal. Um mar que rodopia debaixo das rodas dos carros que passam na praia das bermas. Um mar que se engrossa com a chuva amarela que cai do alto numa câmara lenta que só nós vemos.
Estamos velhos. E estamos exactamente na mesma. Apenas a decadência do corpo se começa a mostrar traindo a estética da juventude que passou tão depressa. Mas nada disso importa se formos compreendidos.
A maior solidão não é estar só, porque saber estar só é algo que se ganha. A maior solidão é falarmos uma língua que ninguém compreende, é ouvir o mundo a barulhar lá fora, sendo o mundo lá fora, um autista ignorante rodeado apenas pelo silêncio.
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