...és o meu castigo
2007
Atiraste-me ao chão...
Atiraste-me ao chão e partiste-me numa vingança genial. Rasgaste o meu interior em mil pedaços, ou então fui eu que o senti assim.
Atiraste-me os sonhos ao chão que rolaram sobre o linóleo ordinário fazendo aquele som de plástico transformando-os em sonhos falsos, mascarados, enganadores. E eu que julgava que o chão da nossa existência, da nossa cumplicidade, era de mármore ou outra pedra real e bela, digna dos príncipes do sentimento que proclamámos ser.
A senhora no outro lado do fio confirmou-me vezes sem conta que não tinhas dado entrada... E rasgou-se tudo em mim naquele momento em que me confrontaram com a realidade. A tua realidade e a realidade dos outros, porque a minha não sabia já onde andava. Senti-me a viver dois mundos, uma realidade e um sonho, uma esquizofrenia da qual tive consciência depressa demais numa fracção de tempo cruel.
Quiseste castigar-me, confessaste tu mais tarde. E garanto-te que conseguiste. Tirava-te o chapéu se ainda se usassem, pois conseguiste castigar este que nunca o foi, tirando o castigo da culpa com que me castiguei vezes sem conta. E agora, a culpa é a tua dor. Trocámos de campos...
Soberba a vingança que maquinaste sem te aperceberes que o castigo era mais do que isso. Era uma vingança cruel que funcionou na perfeição. Atingiste-me onde mais dói. Não foi só a mentira pontual ou a omissão fruto do medo ou receio que sentimos pela reacção do outro. Foi sim, a mentira estudada, a mentira em improviso dita com um à vontade perfeito, os pormenores inexistentes que tornaram tudo tão real. Mas mesmo isso tudo poderia não ter sido a vingança perfeita que é tão mais perfeita quanto mais cruel for. E foi assim que foi perfeita, não só pelo jogo, pela mentira, pela desilusão, mas acima de tudo porque me atingiu onde mais dói... Porque te amo.
Essa vingança cruel mostrou-me que amava alguém que afinal não existia, mostrou-me que afinal tinha um amor dentro de mim que tinha de deitar fora pois não servia em mais lado nenhum, em mais nenhum sonho, em mais nenhum ideal...
Atiraste-me ao chão e caí. E se eu caí naquele momento... Caí sentindo-me espalhado em cacos de loiça pelo chão que me fugia debaixo dos pés numa vertigem estonteante. O sol brilhava naquela manhã exactamente como tinha brilhado na manhã anterior. Porque me parecia agora que estava prestes a chover? Como poderia deitar fora todo este amor? Perguntei-me como o faria. Como é que eu arranco agora isto cá de dentro? Já não o quero aqui. Como raio o tiro?...
Perdido. Completamente perdido. Sem norte. Para onde me virasse tudo parecia disperso, sem sentido, tudo espalhado numa ordem que não compreendia, incapaz de compreender as peças deste puzzle, deste Lego caótico do qual a minha vida depende. E o medo deu origem ao pânico como se estivesse limitado por um cronómetro decrescente para ordenar correctamente todas as peças numa angústia da qual queremos urgentemente acordar.
Já os ideais não fazem sentido nem os sonhos. Os ideais levam-se connosco e os sonhos transformam-se noutros, mas o amor que tenho por ti onde o meto? Não o consigo arrancar à força. O amor é cego e surdo coitado. Eu sei o que se passa e digo-lhe e mostro-lhe, mas ele coitado teima em aqui ficar dentro. Não o consigo arrancar. Resta-me lavá-lo dia após dia para que vá branqueando com a barra de sabão do tempo até desaparecer.
Via-te com uma beleza que ainda aí tens dentro. Eu sei que tens. E dói-me também por isso. E dói-me a forma como me enganei, como me enganei ao olhar nos teus olhos enquanto me mentias. Eu sabia que algo não estava a bater certo, mas isto? Feito assim?
Ah, como te vingaste... Soberbo castigo tão bem merecido, lição bela, pois somos muito mais parecidos do que alguma vez nós poderíamos ter imaginado.
Atiraste-me ao chão como um dia fizeste no passado. Mas agora atiraste-me ao chão para o outro lado da linha e não sei se algum dia conseguirei voltar para o outro...
Atiraste-me ao chão e caí... E não sei sequer se já me levantei.
Atiraste-me ao chão e partiste-me numa vingança genial. Rasgaste o meu interior em mil pedaços, ou então fui eu que o senti assim.
Atiraste-me os sonhos ao chão que rolaram sobre o linóleo ordinário fazendo aquele som de plástico transformando-os em sonhos falsos, mascarados, enganadores. E eu que julgava que o chão da nossa existência, da nossa cumplicidade, era de mármore ou outra pedra real e bela, digna dos príncipes do sentimento que proclamámos ser.
A senhora no outro lado do fio confirmou-me vezes sem conta que não tinhas dado entrada... E rasgou-se tudo em mim naquele momento em que me confrontaram com a realidade. A tua realidade e a realidade dos outros, porque a minha não sabia já onde andava. Senti-me a viver dois mundos, uma realidade e um sonho, uma esquizofrenia da qual tive consciência depressa demais numa fracção de tempo cruel.
Quiseste castigar-me, confessaste tu mais tarde. E garanto-te que conseguiste. Tirava-te o chapéu se ainda se usassem, pois conseguiste castigar este que nunca o foi, tirando o castigo da culpa com que me castiguei vezes sem conta. E agora, a culpa é a tua dor. Trocámos de campos...
Soberba a vingança que maquinaste sem te aperceberes que o castigo era mais do que isso. Era uma vingança cruel que funcionou na perfeição. Atingiste-me onde mais dói. Não foi só a mentira pontual ou a omissão fruto do medo ou receio que sentimos pela reacção do outro. Foi sim, a mentira estudada, a mentira em improviso dita com um à vontade perfeito, os pormenores inexistentes que tornaram tudo tão real. Mas mesmo isso tudo poderia não ter sido a vingança perfeita que é tão mais perfeita quanto mais cruel for. E foi assim que foi perfeita, não só pelo jogo, pela mentira, pela desilusão, mas acima de tudo porque me atingiu onde mais dói... Porque te amo.
Essa vingança cruel mostrou-me que amava alguém que afinal não existia, mostrou-me que afinal tinha um amor dentro de mim que tinha de deitar fora pois não servia em mais lado nenhum, em mais nenhum sonho, em mais nenhum ideal...
Atiraste-me ao chão e caí. E se eu caí naquele momento... Caí sentindo-me espalhado em cacos de loiça pelo chão que me fugia debaixo dos pés numa vertigem estonteante. O sol brilhava naquela manhã exactamente como tinha brilhado na manhã anterior. Porque me parecia agora que estava prestes a chover? Como poderia deitar fora todo este amor? Perguntei-me como o faria. Como é que eu arranco agora isto cá de dentro? Já não o quero aqui. Como raio o tiro?...
Perdido. Completamente perdido. Sem norte. Para onde me virasse tudo parecia disperso, sem sentido, tudo espalhado numa ordem que não compreendia, incapaz de compreender as peças deste puzzle, deste Lego caótico do qual a minha vida depende. E o medo deu origem ao pânico como se estivesse limitado por um cronómetro decrescente para ordenar correctamente todas as peças numa angústia da qual queremos urgentemente acordar.
Já os ideais não fazem sentido nem os sonhos. Os ideais levam-se connosco e os sonhos transformam-se noutros, mas o amor que tenho por ti onde o meto? Não o consigo arrancar à força. O amor é cego e surdo coitado. Eu sei o que se passa e digo-lhe e mostro-lhe, mas ele coitado teima em aqui ficar dentro. Não o consigo arrancar. Resta-me lavá-lo dia após dia para que vá branqueando com a barra de sabão do tempo até desaparecer.
Via-te com uma beleza que ainda aí tens dentro. Eu sei que tens. E dói-me também por isso. E dói-me a forma como me enganei, como me enganei ao olhar nos teus olhos enquanto me mentias. Eu sabia que algo não estava a bater certo, mas isto? Feito assim?
Ah, como te vingaste... Soberbo castigo tão bem merecido, lição bela, pois somos muito mais parecidos do que alguma vez nós poderíamos ter imaginado.
Atiraste-me ao chão como um dia fizeste no passado. Mas agora atiraste-me ao chão para o outro lado da linha e não sei se algum dia conseguirei voltar para o outro...
Atiraste-me ao chão e caí... E não sei sequer se já me levantei.
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