tabula rasa

t a b u l a r a s a | A l t e r E g o | t r o L h a

...t r o L h a

todos temos um trolha
dentro de nós...

b l o g
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T a b u l a R a s a P l a y e r

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As miúdas giras não cagam

Com o passar dos anos, certas ideias parvas passam. É certo que a inocência também se vai desgastando, mas felizmente passamos a ver as coisas como elas são realmente, com naturalidade. Lembro-me perfeitamente de, como adolescente, ser um perfeito tabu falar em frente a uma miúda gira sobre ir à casa de banho. Se me encontrasse num grupo onde estivessem miúdas, e de entre elas uma ou mais fosse gira, eu reprimia inconscientemente qualquer assunto relacionado com casas de banho. E então falar de ir à casa de banho para ir fazer um cócózito que fosse, era impensável. O que é que elas iam pensar? Ah, este gajo caga!!!
Nem pensar. A minha reputação não podia ser abalada assim dessa forma. Já não bastava ter cara de quem tinha menos três ou quatro anos, coisa que agora até dá jeito, mas que na altura era um incómodo tremendo, e ainda para mais elas passarem a ter a certeza que eu cagava. E não é só o facto de cagar, é tudo o resto associado. É a imagem que sai disparada, de um gajo com um pedaço de papel na mão, rabo alçado, calças em baixo, desprovido de dignidade naquele momento cuja fronteira entre um bocado de merda e as nossas próprias mãos é um papel dobrado ao meio. E depois o nome: papel higiénico? Depois daquilo, o papel é tudo menos higiénico. E só de pensar que aquilo foi reciclado, que aquele mesmo papel já andou a limpar outros cus... Confesso que me faz confusão. Eu sei, o papel reciclado que vai para papel de casa de banho é reciclado de papel de escritórios e afins, mas mesmo assim, custa-me imaginar que limpo o cu a um qualquer relatório de uma qualquer empresa ou repartição pública onde uma mar de gente já pôs as mãos. Eh pá, custa. Sinto-me como se aquela gente toda estivesse a olhar para mim naquele momento.
Mas onde é que eu ia? Ah! Miúdas giras. Pois é. Quando somos mais novos acreditamos em coisas palermas. Realmente palermas. Eu por exemplo, porque é que não queria que as miúdas giras soubessem que eu ia à casa de banho fazer o meu cócó? Hum? Perguntam vocês. Porque não queria que elas me achassem de um mundo à parte. E isso porquê? Porque eu acreditava piamente, que as miúdas giras não cagavam! Tinham largado as fraldas em pequeninas e pronto. É verdade! Eu acreditava que as miúdas giras não cagassem. Juro-vos. As miúdas feias, essas, ainda vá lá, eram feias. Agora as giras... Como é que uma miúda gira limpa o cu? Não limpa, por favor, isso é muito baixo. Até porque, não tem cu. Quanto muito pode ter é uma peida boa. Ou um rabo jeitoso, vá. Como é que a miúda mais gira do liceu poderia ficar apenas, com um bocado de papel de consistência fraquinha entre as suas mãos lindas e um pedaço de merda? Ainda se a merda fosse de outra pessoa, podia ser caridade dominical ou qualquer coisa assim, mas elas não podiam cagar, decididamente, elas não poderiam cheirar assim tão mal...
Pois é, acreditei nisto mais tempo do que acreditei no pai natal. Felizmente a vida mostrou-me como é que as coisas são. E agora sinto-me perfeitamente integrado. Já tive inclusive, namoradas que estando mais à vontade comigo, largavam uma bufa ou peidito antes de dizerem:
-Hum... – Sorriso envergonhado. – Desculpa, tenho que ir à casa de banho...
E eu continuei a gostar delas e tudo.

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